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Escrito por uma menina que lê até bula de remédio e escreve até em papel higiênico.
Editado por um menino que pensa muito e faz pouco, mas quando faz, não espere menos que a perfeição.

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    Disseram que sou "coloridinha, mas legal"!!! Disseram que sou cor-de-rosa!!! Eu sou DESIGNER, e só!!! Tá bom, com certas gamas de magenta, eu admito... Mas de DESIGN esse blog ainda não tem muito, mas tem o dedinho dele... Atualmente, caloura de JORNALISMO, porque nunca é tarde para realizar os sonhos de sua vida.

    quarta-feira, 16 de setembro de 2009

    Novo Perfil do Orkut, que não coube lá... =]

    Numa bela manhã de terça-feira você acorda, como em todas as outras manhãs comuns de terça-feira, você levanta, escova os dentes, toma um rápido banho frio e prepara o café da manhã. Ele levanta, segue o mesmo padrão e dali a alguns momentos estarão juntos à mesa, para compartilhar o desjejum... mas esta não é uma manhã de terça-feira qualquer, trata-se do dia 9 de junho de 2009 e as coisas estão prestes a mudar, drasticamente.

    Ainda à mesa, você olha para o pão, ele olha pra você e – de repente – rola um clima, não um clima romântico, um clima hostil, você sente que naquele momento perdeu a capacidade de comer aquele pão, um misto-quente comum, feito por você, nada demais, porém comê-lo parece a tarefa mais difícil que já lhe foi imposta. Cada mordida leva uma eternidade perambulando entre língua e dentes e saliva e mucosas e nada de seguir o caminho natural... Você sente que metade já seria difícil demais e, gentilmente, oferece a outra metade pra ele, enquanto ainda está quente. Ele olha fixamente pra você, misturando espanto e curiosidade diante daquele gesto inusitado e comenta vagamente: “como é que a gente faz pra saber se você está grávida?”

    Após 1 longo segundo de reflexão, você responde algo do tipo: “grávida acho que não estou, mas tem alguma coisa estranha...” Durante o percurso até o trabalho você pensa e repensa, calculando as possibilidades, lentamente, algumas lembranças vão se encaixando. Náuseas matinais são comuns desde que você se lembra de ser “gente”, mas nunca foram fortes o suficiente para impedi-la de comer... Vocês não estão tentando engravidar, pelo contrário, estão evitando, mas cá entre nós... não evitando completamente. Na hora do almoço do dia anterior, você comentou com uma amiga que estava enjoada, tudo bem que você é “enjoada por natureza”, mas ela cogitou que você estivesse grávida, naquele tom sarcástico que a maioria das pessoas usam quando qualquer mulher se diz enjoada, só que com um pouquinho mais de ênfase na possibilidade de ser um fato. Num outro instante, lembra-se que seus seios andam doloridos há dias e que você andava achando que esta TPM estava demorando demais... tenta calcular datas e começa a perceber que alguma visita mensal não apareceu ultimamente... Tenta se lembrar dos últimos exames que fez, todos recentes, se preparando para um contraceptivo implantável que substituiria o que retirou ano passado. Afinal, um bebê pode estar nos planos para 2013, logo após o término da nova faculdade e o implante tem efeito exatamente por 4 anos (podendo ser retirado a qualquer momento), as datas estariam dentro do previsto.

    Ainda no caminho, ainda calculando possibilidades, você entra numa farmácia para comprar aquela vacina que a médica receitou há mais de 1 semana e você não encontra em lugar nenhum, eis que o simpático balconista, além de lhe informar o melhor preço para o medicamento e afirmar que o mesmo estava disponível, ao lhe entregar a caixa questiona, num comportamento puramente profissional: “a sra. não está grávida, não é?!” Por uma fração de segundo você quer matá-lo por chamá-la de senhora, logo em seguida você pensa que deve ser uma conspiração internacional, para só depois pensar que não pode responder aquela pergunta indiscreta com um sonoro “nããããooooo”, sem que lhe reste alguma dúvida. Por via das dúvidas, levando em conta sua quase fobia de algum dia tomar um remédio não recomendado para grávidas e prejudicar a formação de um bebê, ainda que sem saber, você desembolsa mais R$ 12,00 num teste de farmácia.

    Agora, suas lembranças levam às dezenas de testes como esses que já fez, todas as vezes que o seu ciclo menstrual, que jamais foi regular, resolvia atrasar mais de 2 dias e como ria de si mesma em todas as vezes que aparecia apenas 1 tracinho azul na fitinha. O mais hilário era que, bastava fazer o teste, que seu organismo se ajustava e tudo voltava ao normal. Bem, esse seria mais um desses testes, mas o custo deve valer a consciência tranqüila pra tomar a tal vacina...

    Chegando ao trabalho, é possível esquecer todos os outros assuntos diante de um mega projeto que deve ser encaminhado para Comunidade Européia no dia seguinte, alguns ânimos estão exaltados e o trabalho é intenso. Já passa da hora do almoço quando suas amigas insistem e você, novamente, comenta que está enjoada, de repente vem à sua memória o café da amanhã e os comentários do dia anterior, antes mesmo que sua lembrança se complete, o comentário se repete, desta vez seguido de um complemento, lembrando que a chefe pode enfartar diante de uma notícia desse tipo em meio ao quase inexistente prazo para terminar o projeto. Você apenas ri e pega a bolsa que esconde o ingênuo teste que pode tirar aquela dúvida em 3 minutos. Seu último pensamento: “talvez a indústria farmacêutica mereça seu crédito, eles não são tão maus assim...”

    Mesmo “enjoadinha”, você sente uma fome diferente do comum e almoça normalmente. Em seguida, segue para o ritual diário de visita ao banheiro da empresa para escovar os dentes, por algum motivo oculto, ele está mais calmo que o normal neste horário e então lembra-se do pacotinho na sua bolsa, esta deve ser uma boa hora... Já faz algum tempo que não vê um desses, mas talvez ainda lembre as instruções de cabeça, “ops, 2 linhas, o normal não é 1, ou seriam 2... melhor ler as instruções” A bula diz que, se em 3 minutos, aparecerem 2 traços azuis o resultado é positivo. Como assim 3 minutos?! Não levou nem 3 segundos, apareceram 2 traços, 2 traços são positivos, o resultado é positivo, ou seja, você está grávida! Dizem que estes testes não são confiáveis. Como uma fitinha de R$ 12,00 pode ter uma resposta tão significativa?! A quem está tentando enganar?! Sua médica sempre disse que estes testes de farmácia não dão falso positivo, podem até dar negativo e está errado, mas se der positivo, é “batata”.

    Batata?! Humm... acho que tem alguém com desejo de comer batata frita. Terra chamando... hora de voltar ao trabalho, ao projeto com prazo esgotado, mas antes uma ligadinha pro pai, ele deve ser o primeiro a saber.

    Você: - Sabe, depois do que você falou de manhã, comprei um teste na farmácia...

    Ele: - E...

    V: - E... que fiz agora, depois do almoço...

    E: - E...

    V: - E... que deu positivo!

    E: - E...

    V: - E... nada... era só pra você saber.

    E: - Tá tudo bem?!

    V: - Tá, vou trabalhar, depois vou pra faculdade, te vejo à noite.

    E: - - Tá tudo bem?!

    V: - Tá, beijo..........

    Vamos pensar friamente, se você entrar naquela sala agora e disser alguma coisa desse tipo, as meninas vão dar uma festa, mas lá se vai a concentração plena no projeto, além do mais, nada é certo ainda, melhor fazer um exame de sangue pra garantir, e se for alarme falso?! Você está se sentindo grávida?! Como é que se sente uma grávida?! É melhor esperar o resultado definitivo, dizem que é melhor não espalhar a notícia até o 3º mês, isso deve ser uma superstição idiota, como eu consigo falar com a minha mãe, a mais de 3.000 Km daqui, com aquele celular que não funciona... E o meu pai, ele acabou de me dar um irmãozinho, vai achar que fiquei com inveja... E, não tinha pensado nisso, até alguns meses eu era filha única, agora se eu tiver um filho, ele vai ter um tio por parte de mãe... Será que tomei algum remédio nas últimas semanas?! E, o que faço com a vacina?! Acho que vou ligar pra minha médica, ou será melhor ir lá pessoalmente, se eu ligar alguém daqui pode ouvir, acho que vou mandar um email... Legal ter uma médica informatizada!

    Voltando ao trabalho, com cara de paisagem, é hora de concentrar plenamente no projeto, o tempo é mais que curto e a vida segue seu rumo, e como segue... à noite, no caminho da faculdade, você encontra uma farmácia e resolve comprar um segundo teste, sabe como é, por via das dúvidas. Deixa pra fazer só quando chegar em casa e não comenta com ninguém, mas começa a pensar que – talvez – o futuro daquele curso seja incerto. NO seu banheiro, já tarde da noite, você vê – novamente – os 2 tracinhos azuis, haja batata! Pra garantir, se é que ainda precisa de alguma garantia, planeja fazer um exame de sangue.

    Quarta-feira, 10 de junho de 2009, o Dia D no trabalho, prazo final. Você chega cedo, pois pegou uma carona com sua chefe, deixa a bolsa na sala, ela sai para ver o chefe maior e você para procurar o laboratório de análises clínicas, afinal isso é ou não é um hospital?! Na resposta ao email, sua médica lhe deu os parabéns: “até que enfim, depois de mais de 8 anos acertaram o alvo! Estou super feliz :o)” Isso que dá ser paciente da mesma ginecologista/obstetra desde a adolescência... Disse, também, que se você preferisse, podia fazer o Beta-HCG [exame de sangue que comprova a gravidez] em qualquer laboratório, antes mesmo de ir à consulta na próxima segunda. Você não perde tempo, mas ao chegar ao laboratório, 3 andares abaixo da sua sala, no prédio ao lado, é informada que precisa de um pedido médico. Você argumenta que só verá sua médica na próxima semana e a atendente dá um sorriso simpático: “no corredor ao lado, você pode pedir a qualquer médico, eles lhe dão na hora... afinal, isso é um hospital”. Por trabalhar na parte administrativa, às vezes você esquece desse detalhe. Na primeira porta, após virar o corredor, você encontra uma recepção, explica a situação à moça que lhe atende e ela prontamente diz que o Dr. Flamarion pode lhe dar o pedido, basta esperar ele terminar um atendimento. Enquanto você pensa quantas vezes já ouviu esse nome, mas não conhece o médico pessoalmente, a mocinha, empolgada, lhe enche de perguntas, ela quer saber como você está se sentindo, se já estava tentando engravidar, o que o pai está achando, se você prefere menino ou menina, se já tem nome, se tem outros filhos... por alguns instantes você calcula quantas e quantas vezes deverá ouvir as mesmas perguntas, caso seja confirmado. Por mais contas que você faça, jamais será capaz de mensurar este número.

    O famoso Dr. Flamarion não entende muito bem quando a recepcionista entra com você na sala dizendo apenas “essa moça precisa de um pedido de exame, o Sr. poderia ajudá-la?!” Ele quer saber que exame, quem é esta paciente que não está marcada, como foi parar ali... [só alguns meses depois você descobre que ele é um reumatologista :o)] Com 2 ou 3 frases você explica que é funcionária mas não trabalha na área de saúde, que fez um teste de farmácia no dia anterior e deu positivo, que não tem acesso à sua médica nos próximos dias, mas precisa do pedido para fazer o Beta-HCG no laboratório da casa e... Ok, ele está satisfeito e super feliz, repete metade das perguntas da atendente, lhe felicita e, prontamente, lhe dá o pedido, na guia da Unimed, claro, melhor impossível. Você sai pensando como é impressionante a reação animada das pessoas, que jamais lhe viram antes, apenas ao se comentar a possibilidade de gravidez. E como todos acreditam no teste de farmácia, a indústria farmacêutica deve mesmo merecer algum crédito.

    A reação das funcionárias do laboratório não é diferente, fazem uma verdadeira festa regada a uma enxurrada de perguntas. Deve ser o nosso instinto natural de luta pela sobrevivência da espécie que nos leva a comemorar cada novo integrante que vem ao mundo =] Soraia, que parece ser a chefe da recepção, lhe promete o resultado para o meio-dia, pelo telefone, pois o laudo mesmo só depois do feriadão. Ok, tudo que você precisa é uma resposta, ou melhor, uma certeza. A essa altura sua chefe já ligou querendo saber onde você se meteu e você, com a mesma cara de paisagem do dia anterior, responde que está fazendo um exame e já vai subir. Embora não goste do argumento que omitir não é mentir, lembra-se que a situação já está tensa demais para notícias bombásticas, o prazo para envio do super projeto, inacabado, expira em algumas horas, vamos ao trabalho.

    Parece que o relógio vai marcar 3h da tarde antes de dá meio-dia, você tenta se concentrar apenas no computador a sua frente e acaba nem vendo a hora passar, de repente, um sono incontrolável toma sua alma, mesmo com toda adrenalina correndo nas veias, você chaga cochilar. Um pensamento: “adrenalina não deve fazer bem para um possível feto, melhor eu relaxar e seja o que Deus quiser”. Desta vez não está tão enjoada quanto antes e almoça rapidamente no restaurante da empresa, pensando na possibilidade de uma daquelas atendentes tão empolgadas chegarem perguntando se deu positivo, suas amigas não entenderiam nada, seria um saia justíssima... Felizmente, não acontece. Outro pensamento: “Espero que elas me perdoem por não ter contado imediatamente, mas é por uma boa causa, eu acho”. Após a parada, você tem alguns minutos sozinha e resolve ligar para o laboratório. Soraia saiu para o almoço [ainda bem que não estava no restaurante] e não tem nenhum resultado no seu nome, mas a simpática mocinha do outro lado da linha pergunta que tipo de exame. Igualmente as outras, ela muda até o tom de voz ao ouvir que é um teste de gravidez, neste caso, pede que aguarde pois ela vai ligar para central e lhe dará a reposta em instantes. A voz ao telefone retorna com um sorriso ainda mais efusivo: “meus parabéns, deu positivo, você vai ser mamãe!” Ok, definitivamente, como uma grávida deve se sentir?! Tão confusa assim?! Prece: “Eu espero, do fundo da minha alma, que toda mulher grávida fique feliz ao receber a notícia, do contrário, ela poderia ter ímpetos assassinos contra as atendentes, recepcionistas e afins”...

    O plano é simples: você passa o resto do dia no auge da pressão para terminar o projeto junto com a equipe, sem comentar nada. É provável que trabalhem até às 9h da noite, já que o material deve ser enviado pelo Correio e vocês descobriram que a agência do Rio Sul fica aberta até às 22h. No dia seguinte começa o feriado prolongado, serão 4 dias de descanso e você terá muiiito tempo pra pensar nos milhões de mudanças que ocorrerão daqui pra frente. Novas ideias, planos, medos, experiências, histórias, dúvidas, certezas... de repente, tudo parece mais intenso e forte e você não está nem um pouco triste por isso.

    Enfim, uma única certeza: sua vida jamais será a mesma. E isso é muito legal!



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    Melhor do que passar 3 horas no engarrafamento, é ouvir: "eles deviam servir porções de batata frita e calabresa, chopp na caneca zero grau e vir vestidos como garçon..."

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    • Se você colocar dois designers dentro de uma sala para discutir sobre um determinado assunto, não se espante se você ouvir três opniões diferentes. (Sei lá)
    • A única maneira de conservar a saúde é comer o que não se quer, beber o que não se gosta e fazer aquilo que se preferiria não fazer. (Mark Twain)

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