Por Luis Sucupira 16 de Junho de 2010 Uma das grandes chateações para quem vai assistir aos jogos da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2010 na África do Sul é o tal do ‘delay’. É algo completamente estranho para uma Copa do Mundo dita como a Copa da Tecnologia. É um problema antigo e muito me admira que ainda pouco tenha sido feito a respeito. Acredito que seja por que a maioria das pessoas não percebe isso, a não ser numa Copa do Mundo. O Delay – traduzindo para o português seria ‘atraso’ – é na realidade o tempo que o sinal da transmissão percorre para que os dados subam e desçam do espaço à Terra. No delay analógico o sinal demora cerca de um quarto de segundo para ir até o satélite e outro para voltar até a base, no máximo. Ou seja, se a transmissão for enviada para todo o país, o sinal ainda precisa fazer outra viagem de ida e volta até chegar às telinhas, o que pode acrescentar um pouco mais de atraso. É preciso deixar claro o que acontece em cada tipo de transmissão. Eu fiz uma rápida medida na minha casa (Resende, RJ), nada absurdamente técnico feito em laboratório de alta precisão, com nano medidores, mas com um bom cronômetro e um boa dose de experiência de quem já foi, no início da carreira editor e diretor de imagens. Eu testei alguns sistemas de recepção e cheguei aos seguintes resultados. O delay (repetindo que a experiência foi realizada em Resende, RJ) pelo rádio não chegou a um segundo a partir da geração. Pela TV analógica no máximo 3 segundos; na TV a Cabo cerca de 5 segundos de atraso; e se assistir via web terá 12 segundos de atraso em relação à TV a Cabo, o que dará no final, um delay de 15 a 17 segundos em relação ao rádio. Isso quer dizer que, se assistir pela web, é bem possível que você veja o gol no mesmo tempo em que esteja passando o replay na TV analógica. Maluco, não? Na hora do jogo do Brasil contra a Coréia do Norte (República Popular Democrática da Coréia – como pedem chamemos), pelo Twitter, eu e alguns usuários estávamos medindo esse atraso. Em alguns lugares foi menor e em outros o resultado foi muito próximo do que eu medi aqui em casa. Pois é. Mesmo com toda tecnologia de geração e de captação de imagens (atualmente chegando ao 3D) a transmissão ainda é o maior problema. A tecnologia analógica é a que demora menos tempo para executar todo o processo que é necessário para à transmissão digital, a mesma oferecida pela maioria das operadoras de TV a Cabo. [...] As empresas [de TV a cabo] se justificam dizendo que mesmo com atraso vale a pena acompanhar um jogo de futebol pela tevê com imagens nítidas e boa resolução com o som surround de 5.1 e com toda a sensação de estar em um estádio. Mas eu acredito que não é bem isso que a maioria deseja, pois eu mesmo não gostaria de ver uma imagem linda um som maravilhoso e ser interrompido no meu deleite audiovisual pelos gritos esbaforidos do meu vizinho comemorando um gol que eu ainda não vi. Ou seja – estou pagando para assistir a um videotape de alta qualidade onde, mesmo sendo ao vivo, o que não importa é a instantaneidade da informação. Questão de gosto. [...] Minha sugestão: compre um radinho e faça este teste em casa. Se o seu vizinho estiver assistindo o jogo pela TV analógica, você, com a sua arma secreta (o rádio) vai gritar gol antes dele. Assim, não fica tão feio você ter gasto uma grana alta comprando uma TV Digital e uma assinatura de TV a Cabo. Lembre-se, para que isso acabe ainda será necessário que a quantidade de TVs analógicas sejam inferiores as de TVs de formato digital. Como vai demorar ainda alguns anos, então, quando for assistir aos jogos, leve seu radinho de pilha.
falando
Escrito por uma menina que lê até bula de remédio e escreve até em papel higiênico.
Editado por um menino que pensa muito e faz pouco, mas quando faz, não espere menos que a perfeição.
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