[Texto do email enviado à Piraquê, até o momento sem resposta]
Há algumas coisas de comer das quais eu gosto muito, poderia até me considerar viciada, chocolate, por exemplo. Em geral, quando alguma dessas coisas tem uma marca específica, sou fiel à ela incondicionalmente. Quer dizer, nem tão incondicionalmente assim, algumas condições são capazes de quebrar essa fidelidade.
Vamos aos fatos. [Se você tem o estômago frágil, pare de ler por aqui]
Dentre as cosias de comer que adoro está um biscoito salgado, quadrado, com furinhos simetricamente dispostos em ambos os lados e uma divisão no meio que permite quebrá-lo em duas partes iguais. Crocante e coberto com deliciosas sementinhas, em seu pacote verde com letras amarelas, atende pelo nome de "Água Gergelim®". Nos últimos anos, não me lembro de ter faltado em meu armário, em casa, no trabalho, nem mesmo na mochila. O que me lembro é de algumas pessoas com as quais convivo me verem devorando aqueles saborosos retângulos até então desconhecidos e, após uma prova ainda incrédula, se tornarem tão fãs quanto eu. Atualmente, ele está por todos os lados, na casa dos parentes, amigos...
Outra particularidade sobre minha relação com os biscoitos, é o hábito de refazer o fechamento da embalagem se ainda restar algumas unidades. Após abrir, caso não coma tudo ou despeje-os num recipiente fechado, volto a colocar a parte de cima do pacote (uma espécie de tampinha que se solta após puxar a fita vermelha que facilita a abertura) sobre o último biscoito da pilha e dobro as laterais do plástico para o meio, colando-as com fita adesiva, fazendo uma embalagem similar a original, porém menor, o que permite carregá-la na bolsa, por exemplo, sem o risco de que se abra ou deixe o biscoito ficar mole. De qualquer forma, posso fazer isso várias vezes ao dia, a cada vez que reabra o pacote o coma mais alguns biscoitos, mas nunca por muitos dias, já que não dura mais que uma semana. Algumas pessoas acham graça quando me vêem abrindo e fechando os pacotes, dobrando e desdobrando as abinhas, colando e descolando... Achei que tinha aprendido isso com algum amigo que tem TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), não me lembro quando comecei a fazê-lo, mas descobri que minha prima faz exatamente a mesma coisa, deve ser alguma coisa no nosso DNA...
Eis que um belo dia, no café da manhã, eu peguei um desses pacotes no armário da cozinha, fechado por mim, e despejei os biscoitos num prato para servir com geléia, qual não foi nossa surpresa ao perceber algumas pequenas teias entre alguns deles, umas pendurando as sementes de gergelim, outras unindo dois biscoitos, notamos, também, que algumas ficaram nas laterais do pacote, já vazio, achamos super entranho, alguém comentou que devia estar velho, achei improvável, conferi o prazo de validade, mas jogamos tudo no lixo e partimos para as torradas. O episódio, embora inesquecível, não foi suficiente para me afastar do biscoito, nem mesmo da marca.

Algum tempo depois, abrindo um outro pacote que estava pela metade e carregava na mochila há dois dias, retirei um biscoito e percebi as mesas teias, como as de aranha, obviamente desisti de comê-los, chegando em meu destino, despejei todo o restante e percebi o mesmo cenário da vez anterior. Fiquei tentando me lembrar se havia comprado os dois no mesmo lugar, ao mesmo tempo, achei improvável, já que houve um intervalo de mais de um mês entre as duas situações. Em casa, revistei o armário, não encontrei nada de anormal. Por precaução, fiz compras em outro supermercado, porém os mesmos produtos.
Lembrando daquela história do gato escaldado, da próxima vez fui abrir um pacote novo do meu querido biscoito, achei por bem despejá-lo diretamente num "porta-biscoito" e qual não foi minha surpresa?! Lá estavam as teias, e não só elas, acabei descobrindo quem as fez, um tipo de minhoquinha, muito parecida com os bichos de goiaba, alguém definiu como larvas, achei nojento demais.

Lembro daquela velha máxima: o que é pior, achar um bicho na goiaba ou meio bicho? Dizem que é melhor o bicho inteiro, senão é sinal que você já comeu a outra metade. Também tem quem diga que o bicho de goiaba é goiaba mesmo, pode comer, alguém se atreve?! Adoro goiaba, mas sempre a parto em vários pedaços para garantir a não ingestão de bichinhos, sendo eles goiaba ou não. Mas voltando ao biscoito, que é um alimento - se posso chamá-lo assim - industrializado, que acredito ser produzido com os mais altos padrões de qualidade, em ambiente controlado, não acho lá muito interessante ter que conviver com o risco de encontrar teias, minhocas, larvas ou seja lá que espécime for. Revirei o armário, abri pacotes de outros biscoitos, até da mesma marca, comprados no mesmo local, ao mesmo tempo, nada de surpresas. Bem, por fim, saquei a câmera digital, uma das melhores criações do século, senão a melhor, afinal, achei mesmo que não iam acreditar se eu contasse... tirei fotos dos bichinhos, das teias, do pacote (com a data de validade e o número do lote) e agora envio (se me permitirem) ao atendimento ao consumidor da Piraquê®. O que me dizem?
Obs.: voltei todos os biscoitos, inclusive com os serem vivos, para o pacote e o lacrei como de costume, caso desejem para alguma análise.